Biossegurança é uma palavra fundamental para qualquer profissional que atue com saúde. Mas você conhece seu real significado e coloca em prática todas as recomendações necessárias?
Biossegurança é o conjunto de procedimentos adaptados nos espaços de saúde, estética, odontologia, reabilitação e demais segmentos da área, com o objetivo de dar proteção e segurança ao cliente e ao profissional. Ou seja, o único meio de prevenir a transmissão de doenças é o emprego de medidas de controle de infecção com equipamentos específicos para esterilização instrumental e desinfecção. A esterilização, por exemplo, é uma medida de biossegurança fundamental para evitar a transmissão de agentes causadores de doenças infecciosas, como, por exemplo, HIV, hepatite C e hepatite B, através dos instrumentos utilizados. E como ja falamos, isso vale tanto nos serviços de saúde, como hospitais, clínicas e consultórios odontológicos, quanto em salões de beleza, centros de estética, estúdios de tatuagem, esmalterias, entre outros.
“A autoclave é o equipamento de esterilização mais recomendado pelas vigilâncias sanitárias para realizar a esterilização, sendo obrigatória para esses estabelecimentos em diversos estados, como, por exemplo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Entretanto, o sucesso da esterilização depende de outros passos fundamentais, como a limpeza dos artigos, a embalagem e a sua verificação realizada por meio da monitorização da esterilização”, afirma Liliana Donatelli, bióloga, mestre em saúde pública e consultora em biossegurança da empresa Cristófoli.
De acordo com a consultora em biossegurança, são várias as medidas e cada passo é importante. Por exemplo, a limpeza e a desinfecção dos instrumentos antes de ir para a esterilização é um pré-requisito básico. Todo cuidado é pouco neste processo.
Por isso, a primeira coisa que o profissional precisa levar em consideração antes de abrir seu centro de estética, salão de beleza ou consultório de odontologia é se os equipamentos que vão garantir a biossegurança do local estão de acordo com a necessidade de cada ambiente.
“A complexidade dos ambientes implica em diferentes tipos e tamanhos de equipamentos, mas o processamento é bastante semelhante. Basicamente, é necessário um protocolo de limpeza que pode ser realizado de modo manual ou automatizado com o auxílio de lavadoras termodesinfectoras em hospitais e/ou lavadoras ultrassônicas, também disponíveis em tamanhos compatíveis com centros de estética e serviços de menor porte. Para as embalagens, existem os modelos mais simples com fitas adesivas integradas, ou é possível utilizar seladoras para os serviços que preferem o papel grau cirúrgico em rolos. As autoclaves têm diversas opções de tamanho e para todos os tipos de serviço e bolso. Ter em seu estabelecimento todos os equipamentos necessários para garantir a biossegurança é mais do que fundamental”, afirma.
O assunto fica ainda mais sério quando falamos de consultórios odontológicos. Não é possível ter um espaço sem a presença de, pelo menos, uma autoclave. De acordo com as diretrizes da Anvisa, “O procedimento de limpeza, desinfecção e esterilização é único, portanto, independente do local. Os produtos utilizados em odontologia não fogem à regra, sendo assim, tudo o que for artigo crítico terá que ser esterilizado. Os artigos semi-críticos poderão ser esterilizados ou na impossibilidade, realizada desinfecção de alto nível”. Ou seja, tudo que tem contato com a boca deverá estar com algum nível de esterilização.
É muito importante que o profissional compartilhe essas informações com todos da equipe. Fazer reuniões para avaliar as medidas de biossegurança na estética e assegurar que todos estão cientes disso faz a diferença. “O controle de infecção é um compromisso da equipe que visa a saúde dos clientes e também dos profissionais”, salienta Liliana.
Mãos sempre limpas
Importante lembrar que a higiene do profissional é tão importante quanto qualquer equipamento. O cuidado em manter as mãos limpas é primordial. “Realizar sempre a higiene das mãos é atitude básica para a biossegurança na estética”, diz a bióloga. Existe até mesmo um Manual de Higienização das Mãos em Serviços de Saúde da ANVISA, publicado em 2007. De acordo com o material, as mãos constituem a principal via de transmissão de micro-organismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos micro-organismos que podem se transferir de uma superfície a outra, por meio de contato direto (pele com pele) ou indireto com objetos e superfícies contaminados.
Por dentro das normas sanitárias
Além dos equipamentos necessários para garantir a biossegurança, todo estabelecimento deve respeitar e se adequar à legislação sanitária vigente. De acordo com o decreto nº 23.915 da COVISA (Vigilância Sanitária Municipal), os profissionais de beleza devem seguir as seguintes normas sanitárias:
- Possuir paredes e pisos lisos e impermeáveis para não acumular micro-organismos, poeira ou resquícios de secreções.
- Deve ter: lixeira de pedal com saco plástico para descarte de material contaminado, lavatório com sabonete líquido e papel-toalha.
- Maca com superfície lisa ou lavável, forrada de lençol TNT ou papel branco (resistente). Todos descartáveis e devem ser trocados a cada cliente.
- Mesa auxiliar (carrinho) com superfície lisa e lavável para acomodar bandeja forrada com papel-toalha para os materiais de uso.
- Touca e faixas devem ser descartáveis.
- Utilizar instrumentos esterilizados ou descartáveis.
- Na cabine de estética ou na clínica, a esteticista deve estar atenta para a higienização de materiais.
O que está proibido?
Não é novidade, mas é sempre bom lembrar: as câmaras de bronzeamento artificial estão proibidas. A RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 56/2009 da Anvisa determinou que equipamentos para bronzeamento artificial com finalidade estética estão proibidos em todo território nacional. A decisão foi baseada na emissão da radiação ultravioleta (UV) excessiva emitida por esses aparelhos e que podem causar danos severos a pele e a saúde.
É bom também ficar de olho nas últimas portarias do órgão que proibem e exigem até a saída de circulação de alguns aparelhos para tratamentos estéticos e odontológicos que não estão dentro dos seus padrões de segurança. A última deterninação foi de 2017 e algumas marcas foram punidas. Tudo é publicado no Diário Oficial da União e no site oficial da Anvisa. Informe-se.
É dever do profissional antes de cada tratamento:
- Lavar as próprias mãos adequadamente antes de atender o cliente.
- Fazer antissepsia das mãos do cliente antes do procedimento para evitar infecções.
- Quando for necessário o uso de luvas, usar as descartáveis e retirá-las somente quando concluir o serviço.
- Para cada cliente, as toalhas e lençóis devem ser de uso exclusivo para aquela pessoa durante o atendimento.
- Não se pode usar a mesma toalha ou o mesmo lençol em dois clientes.
Biossegurança na saúde – Faz bem saber:
- Limpeza: Remoção física de sujidades com a finalidade de manter o asseio e higiene do ambiente. A lavagem pode ser com água e sabão ou detergente.
- Esterilização: Destruição de todos os tipos de germes através de agentes físicos ou químicos.
- Desinfecção: Remoção de agentes infecciosos, na forma vegetativa, de uma superfície inerte, mediante a aplicação de agentes químicos ou físicos.
- Assepsia: Conjunto de medidas adotadas para impedir a introdução de agentes patogênicos no organismo.
- Antissepsia: Utilização de produtos sobre o tecido vivo (pele) com o objetivo de reduzir os micro-organismos.
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Fonte:
Manual de Limpeza de Desinfecção de Superfícies – ANVISA, 2010.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Higienização das Mãos em Serviços de Saúde. Brasília. ANVISA, 2007