O microagulhamento é usado para o tratamento de várias disfunções da pele, como problemas de pigmentação, rugas, acne e cicatrizes pós-queimaduras, e também no rejuvenescimento facial como parte da terapia de indução de colágeno e para veiculação de princípios ativos.
Orentreich e Orentreith foram os primeiros a relatar a utilização de agulhas com o objetivo de estimular a produção de colágeno no tratamento de cicatrizes deprimidas e rugas, técnica difundida com o nome de subcisão. Seus estudos foram confirmados por outros autores, que se basearam no mesmo preceito de ruptura e remoção do colágeno subepidérmico danificado seguidas da substituição por novas fibras de colágeno e elastina. (CAMIRAND et al.,1997)
Logo após, Fernandes D. (2006) relata uma proposta de utilização de um sistema de microagulhas aplicado à pele com o objetivo de gerar múltiplas micropunturas, longas o suficiente para atingir a derme e desencadear estímulo inflamatório que resultaria na produção de colágeno.
Para executar o procedimento é utilizado um instrumento constituído por um rolo de polietileno encravado por agulhas de aço inoxidável e estéreis, alinhadas simetricamente em fileiras, perfazendo um total de 190 a 540 unidades, variando segundo o fabricante. O comprimento das agulhas se mantém ao longo de toda a estrutura do rolo e varia de 0,25mm a 3mm de acordo com o modelo.
E a Biossegurança na estética? Como funciona no microagulhamento?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária descreve Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 63 de 25/11/2011 a emenda para Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde e/ou RDC nº50 de 21/02/2002.
Nela, estão descritas características essenciais para montar um local seguro para realizar os procedimentos terapêuticos. Irei para um ponto que anda levantando muita polêmica que é a relação das luvas de procedimento para uma técnica como essa.

Seguem algumas orientações de biossegurança na estética que garantem a total segurança da paciente no microagulhamento:
1º Ponto – Antissepsia
É o processo de eliminação ou inibição do crescimento dos micro-organismos na pele ou em outros tecidos vivos. É realizada através de antissépticos que são formulações hipoalergênicas e de baixa causticidade. Os antissépticos podem ser classificados como agentes bactericidas devido à sua capacidade de destruir as bactérias nas formas vegetativas ou como agentes bacteriostáticos, quando apenas inibem o crescimento destes micro-organismos.
O melhor antisséptico para as luvas de procedimento antes do microagulhamento é o Gluconato de Clorexidina. Essa substância está disponível sob a forma de solução degermante, alcoólica e aquosa.
A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, em 2013, atualizou os dados deste poderoso antisséptico e concluiu que a clorex, como nós conhecemos, tem efeito bactericida para cocos Gram positivo e bacilos Gram negativos, efeito viruscida contra vírus lipofílicos (Influenza, Citomegalovírus, Herpes, HIV) e ação fungicida, mesmo na presença de sangue e demais fluidos corporais, e ainda tem efeito residual de aproximadamente 6 a 8 horas por ação cumulativa.
Então, sugiro em meus cursos que a luva seja esterilizada com essa solução antes de iniciar o procedimento.
Devemos fazer a assepsia do tecido que será tratado e, para isso, podemos usar a mesma solução ou o equipamento de alta frequência que através do faiscamento indireto do gás ozônio tem efeito bactericida e fungicida. Com isso, garantimos uma técnica segura, não somente pela luva como o tecido íntegro pronto para receber a lesão.

Ou seja, antes da esfoliação, da limpeza de pele, da carboxiterapia, do eletrolifting, eletrolipólise, microdermoabrasão, dermopuntura, micropigmentação de sobrancelha, até mesmo os serviços de manicure e pedicure pedem uma higienização como essa.
Trata-se de SAÚDE!
Então, tanto as luvas como o tecido devem ser HIGIENIZADOS E DEVIDAMENTE DESCONTAMINADOS!
2° Ponto – Instrumento com Registro na ANVISA
Sabemos que, como qualquer outra técnica, existem os aparelhos que possuem o registro e outros não e mesmo assim são comercializados no mercado paralelo. Porém, quando falamos de rollers, esses principalmente devem ter!
Olha só como é importante…
Algumas marcas sem registro, na extremidade das agulhas, não apresentam uma ponta fina e pontiaguda, muitos têm em sua extremidade uma haste como se fosse uma extensão na horizontal que pode provocar rasgos e não punturas no tecido (ESTRAGO).

3º Ponto – Profundidade das agulhas. Até onde cada profissional pode ir?
Segundo Negrão (2016), “As técnicas vão sendo desenvolvidas e incorporadas a algumas profissões, seus Conselhos baixam portarias para auxiliar os profissionais em como proceder e como estarão apoiados por seus Conselhos”.
Ela aconselha também a eleger a profundidade de acordo com a habilitação para tratar a complicação. Ou seja, quanto maior a agulha, maior a profundidade de penetração, maior o processo inflamatório e maiores os riscos de complicações. Roller maior que 2,0mm gera intensa inflamação, pode gerar hematomas, tram-treck, e se não usados produtos livres de contaminantes, descartáveis estéreis e demais itens de biossegurança na estética, podem ser fontes de contaminações, causar granulomas e necessário medicações e em alguns casos até internação. Caso seu paciente/cliente tenha uma reação alérgica ou outra complicação que necessite de medicações, você deverá encaminhá-lo ao profissional que possa tratá-lo de forma adequada. (NEGRÃO M., 2016)
O que achou das dicas de biossegurança na estética? Você sabia em relação ao microagulhamento?
Referências Bibliográficas
CAMIRAND A, DOUCET J. Needle derm abrasion. Aesthetic Plast Surg.1997;21(1):48-5
FABROCCINI G, FARDELLA N. Acne scar treatment using skin needling. ClinExpDermatol. 2009; 34(8):874-9.
FERNANDES D, SIGNORINI M. Combating photoaging with percutaneous collagen induction. ClinDermatol 2008;26:192-199
NEGRAO,M.,Tamanho de agulha no microagulhamento: Quem pode o quê? https://www.google.com.br/search?q=profundidade+de+roller&oq=profundidade+de+roller&aqs=chrome..69i57.5137j1j8&sourceid=chrome&ie=UTF-8#.2016
ANVISA.Guia: Referência técnica para o funcionamento dos serviços de estética e embelezamento sem responsabilidade médica. http://portal.anvisa.gov.br/documents/33856/2054354/Refer%C3%AAncia+t%C3%A9cnica+para+o+funcionamento+dos+servi%C3%A7os+de+est%C3%A9tica+e+embelezamento+sem+responsabilidade+m%C3%A9dica/e37a023b-91c0-4f07-993a-393d041156ab

