A palavra melasma é derivada do grego ‘melas’, que significa negro. Este distúrbio tem como característica manchas castanhas, claras ou escuras, geralmente na face. Segundo a dermatologista Paula Bellotti, trata-se de uma doença crônica, com fases de melhora e piora. “O melasma é uma condição caracterizada por manchas escuras, principalmente na face. Ocorre com maior frequência nas mulheres, mas também pode acometer os homens. Além dos fatores hormonais e da exposição solar, a tendência genética e características raciais também influenciam no surgimento do melasma”, diz.
Esta disfunção acontece por alguma descompensação no mecanismo fisiológico do melanócito, célula responsável pela produção de melanina que é uma das responsáveis pela proteção da pele contra as agressões promovidas pela radiação solar. Um dos fatores pelos quais o melasma acomete as mulheres são os hormônios femininos. Por isso, nos momentos em que a concentração de hormônios femininos no organismo aumenta, o melasma pode piorar. As manchas, que aparecem principalmente na região das maçãs do rosto, da testa e do buço, também são causadas pela exposição solar exagerada e sem proteção. O sol é um grande inimigo da nossa pele, não se proteger pode custar um preço muito maior do que o investimento em filtros todo mês.
Tratamentos do melasma
O tratamento do melasma não acontece do dia pra noite, é demorado e exige, acima de tudo, paciência. A fisioterapeuta especialista em dermato funcional e bióloga Laura Carmona, tem muita experiência quando o assunto é manchas na pele. A intensidade e extensão das manchas variam caso a caso, mas de acordo com ela, com um tratamento adequado e rigoroso, as manchas podem ser amenizadas. “Semanalmente, recebo casos de mulheres acometidas por melasma e, a maioria delas, quando explico que o tratamento é longo, que será necessário ter paciência e disciplina, acaba desistindo. Aquelas que ficam, geralmente já passaram por inúmeros tratamentos estéticos (principalmente peelings profundos, lasers e hidroquinona) sem obter sucesso ou tiveram o chamado ‘efeito rebote’ após procedimentos. Ou seja, obtiveram melhora inicial e após algum tempo a mancha retornou ainda pior”.
Na visão da especialista, o primeiro passo para o tratamento é compreender que uma pele acometida pelo melasma é uma pele em desequilíbrio. “E antes de qualquer intervenção com agentes clareadores e agressores, há uma enorme necessidade em devolver saúde para este tecido, possibilitando que as células trabalhem em harmonia”, afirma.
As experiências de Carmona mostraram que não existe uma receita mágica para tratar o melasma, como também não existe um tratamento melhor do que o outro. O importante é avaliar cada cliente de maneira global, compreendendo suas deficiências e hábitos de vida. “Algumas técnicas têm se mostrado muito eficazes para a reestruturação da pele. Costumo dizer que existem cinco pilares básicos para o sucesso de um tratamento de hipercromia: 1. Usar filtros solares com alta proteção UVA e UVB (de preferência os fotoestáveis); 2. Hidratação; 3. Nutrição; 4. Fortalecimento do Sistema Imunológico; 5. Estímulo na síntese de substâncias (principalmente colágeno e elastina). Então, qualquer tratamento que envolva esses cinco pilares é muito bem vindo para compor um plano eficaz no combate às hipercromias em geral”, salienta.
Para a dermatologista carioca Paula Bellotti, certos tipos de peelings podem ajudar. “Peelings superficiais e peelings a laser aceleram o processo, facilitando a penetração dos despigmentantes e ajudando a remover o pigmento das camadas superiores da pele”.
Para Carmona, é a combinação de técnicas que traz um resultado efetivo. “Inicialmente, utilizar ativos antioxidantes (preferencialmente os lipossomados e nanossomados), com ajuda da eletroporação que facilita a permeação em até 400 vezes ou a própria ionização, LEDS (vermelho e infravermelho, principalmente), drenagem linfática manual para estimular o sistema linfático e melhorar a circulação, microcorrentes que promovem a revitalização cutânea, dentre muitos outros. Ao constatar que o tecido já está reestruturado, podemos começar o uso de agentes inibidores da tirosinase, como o ácido fítico, kójico e elágico, sempre respeitando a limitação de profundidade permitida a cada profissional”, avalia.
Saiba como a produção de pigmento melanina acontece
A melanogênese (síntese de melanina) é realizada por células especializadas, localizadas na camada basal da epiderme que são chamadas de melanócitos. Os melanócitos produzem pequenas vesículas chamadas de melanossomas, que são encarregadas de produzir, armazenar e secretar a melanina para os queratinócitos.
Ao ser estimulado pela radiação solar ou por outros fatores intrínsecos e/ou extrínsecos, o melanócito começa a cascata bioquímica da melanogênese no interior dos melanossomos. Primeiro, ocorre a transformação de tirosina em DOPA, mediada pela enzima tirosinase. Esta mesma enzima transforma a DOPA em DOPAquinona. Então, duas vias diferentes são iniciadas, a via de formação das feomelaninas (melanina amarela e vermelha) e das eumelaninas (melanina marrom e preta). A melanina desempenha um importante papel na proteção do núcleo celular dos queratinócitos, funcionando como um escudo contra os danos causados pela radiação.
Entenda porque existe a dificuldade de eliminarmos as regiões escurecidas da pele
Porque os melanócitos são células dotadas de memória e são muito sensíveis aos estímulos tanto internos, como externos. Uma vez que se tornam hiper-reativos, começam a sua produção exacerbada de melanina. Aí está a grande questão, a grande dificuldade. Não há como reverter completamente um quadro de melasma sem restabelecer o equilíbrio dos melanócitos afetados. Estudos demonstram que estes melanócitos são maiores, possuem dendritos mais proeminentes e uma quantidade maior de melanossomos. Usar somente um agente inibidor da tirosinase não é solução eficaz para acabar com o problema, pois ao mínimo estímulo, a produção de melanina em excesso será reativada. Ao estudar as características de um tecido afetado por melasma, fica claro que o principal fator para o sucesso do tratamento é sinalizar para os melanócitos que podem “relaxar” e cessar a sua produção exacerbada de melanina.
FONTE: Revista Negócio Estética